Páginas

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Reflexão sobre MEDO, FOBIA, PÂNICO e ANSIEDADE

Por Diácono Carlinhos

Este assunto foi proposto a partir da nossa visita à Torre dos Sinos da Paróquia São José (um dos pontos mais altos de nossa cidade). Prática que fizemos no sábado passado, com os jovens do CLJ. A subida se constituiu num exercício de superação física, mas também para muitos, de superação psicológica e emocional, haja vista, o medo ou até mesmo o pânico de superfícies altas. Vamos iniciar conceituando os três itens, depois trazemos sugestões para superá-los e finalmente uma reflexão á luz do que nos propõe um exercício espiritual.

O medo é um sentimento de forte inquietação face a um perigo real ou imaginário. O medo não é ruim, em si, pois ele nos leva a evitar situações de perigo, até quando não estamos conscientes do mesmo. Mas se ele fica exagerado, a ponto de impedir que as atividades cotidianas sejam executadas, então é hora de enfrentá-lo, senão para eliminá-lo, pelo menos para diminuir seu poder incapacitante.

A fobia podemos dizer que é o medo desproporcional, persistente e infundado, pode-se falar de uma fobia, que é uma reação de medo exagerado e irracional frente a um objeto reconhecido, como inofensivo. É o caso de fobias relacionadas a lugares escuros ou altos e a animais domésticos, como gatos e cães ou a insetos, tais como baratas.

O pânico é um “distúrbio” nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade, caracterizando-se por crises súbitas, sem fatores desencadeantes aparentes. A sensação é de morte eminente, de perda de controle e medo de enlouquecer. Quando os ataques acontecem com certa frequência, o diagnóstico pode ser transtorno/distúrbio do pânico. É o estágio patológico mais avançado do medo e os cuidados médicos e psicológicos são urgentes.

Como enfrentar o medo com uma "receita" simples:

ü Conhecer mais sobre o objeto de nosso medo, pois a familiaridade com ele vai terminar por diminuir o nosso medo. Ler e estudar sobre o assunto e aos poucos ir se familiarizando com o mesmo.

ü Não evitar as situações que causam medo, pois isto só leva a perpetuá-lo. Se formos evitar, sempre, todos os nossos medos, vamos acabar trancados em casa, com medo de que um avião ou meteorito nos caia na cabeça. Temos que entender e aceitar que os riscos fazem parte de nossa vida e que assumi-los é essencial para termos uma vida de boa qualidade. Além do mais, quando conseguimos nos manter no controle da situação, o medo tende a diminuir. Portanto, não fuja dos seus medos, enfrente-os!

ü Praticar uma reflexão ou alguma técnica de relaxamento, que possa ser empregada na hora do medo, para ajudar a enfrentá-lo. Uma técnica interessante é o relaxamento por sinal, quando associamos a uma palavra como "calma" o estado de tranquilidade induzido por técnicas de relaxamento. Então, na situação de medo, a evocação da palavra "calma" pode contribuir para nos tranquilizar.

ü Ir aos poucos ao encontro do objeto do medo. Se possível acompanhado de pessoas que nos inspirem confiança, alguém que vai saber nos entender e que será um suporte no momento que precisarmos superar nosso medo. Alguém que nos empreste o ombro ou uma palavra de confiança no momento de maior medo, alguém que nos de carinho, segurança e nos compreenda no momento de pânico.

ü Manter uma atitude mental positiva constante, para evitar suas tentativas de enfrentamento do medo seja atrapalhado pelo negativismo de pensamentos como "eu não vou resistir ao medo" ou "eu não consigo resistir ao medo". Ao contrário, digam-se coisas como "eu posso resistir", "eu quero resistir", "eu consigo resistir", que funcionarão como um suporte psicológico importante nos momentos de medo. "Calma, tudo vai acabar bem". Você vai ver que terá mais disposição para enfrentar as dificuldades e para aceitar os inevitáveis fracassos que nos ocorrem de vez em quando

O medo é uma experiência humana universal; para crianças, adolescentes e adultos ele pode servir como uma resposta adaptativa em muitas situações. Os medos em jovens são comuns, transitórios e sua aparência e resoluções podem ser vistas como parte de um processo de desenvolvimento normal. Assim, a mera presença de medos não é um indicador de psicopatologia, podendo, frequentemente, ser necessários ao desenvolvimento normal.

Em outros momentos, as reações de medo e ansiedade podem ser um empecilho ao desenvolvimento desse jovem. As diferenças entre medo, fobia e ansiedade são importantes para clarificar o quadro diagnóstico. A classificação de uma Desordem de Ansiedade Excessiva é uma ansiedade generalizada que inclui medo de avaliação, autoconsciência e ruminação (fica martelando aquele assunto todo o tempo) acerca do passado ou futuro, Do ponto de vista clínico, em oposição ao empírico (não estudado, sem base cientifica), muitos consideram estas distinções passíveis de mudanças.

Há muitos motivos e formas de medos, sendo que estes não estão relacionados apenas a pessoas, animais ou coisas. Há também jovens que se perturbam e se anseiam em relação a sua opção sexual, isso normalmente acontece na adolescência, mas com boa orientação e relações de confiança com os pais ou um orientador escolhido pelo jovem, esses aspectos são superados. Há jovens que possuem medo constante da morte dos pais, de reprovação no final do ano, de se acidentarem de carro, de moto, etc. outros têm medo na passagem das fases: da infantil para adolescência e essa para a fase adulta, das responsabilidades e compromissos que irá assumir...

Apesar da idade e nível de desenvolvimento ditarem algumas dimensões dos medos, estes influem diretamente no temperamento, podendo inclusive, determinar pesadelos, acessos de raiva, afastamento social e comportamento agressivo. Isso tudo às vezes numa tentativa desesperada, até mesmo de pedir socorro. Mas o importante é que no caso das crianças os pais e educadores estejam atentos a isso. Na adolescência, além desses, o próprio jovem que se der conta desta realidade deve ir ao encontro dos seus pontos de estabilidade e superação. Buscando orientação junto aos pais ou pessoas de sua extrema confiança, com quem possam partilhar seus medos, fobias e ansiedades. Pessoas que irão ampará-los, entende-los e acolhe-los da melhor forma possível.

A fé também é fundamental na superação dos nossos medos, das fobias e das ansiedades. Mas não uma fé vazia, pois apenas crer por crer até os demônios creem, a diferença está é que eles creem, mas não amam, o seu diferencial na superação do medo está no amor. No seu amor para com o próximo, no amor do próximo para contigo. Sentir-se amado num momento de medo, de solidão e de ansiedade é algo indescritível, é algo divino, sem conceituação.

Diz Santo Agostinho que hoje vivemos uma realidade muita seca, que até mesmo entre pessoas que se dizem com muita fé, há certo medo de se jogar aos pés de Jesus. E é justamente esse medo que muitas vezes, nos impede de viver a vontade de Deus. Então esse medo não me permite me desligar do “homem velho”, do individuo fútil e vazio do passado. Assim durante minhas crises tenho medo de estar perdendo alguma coisa que seria valiosa. Mas esse é um medo equivocado. Então como diz a canção: Põe tuas mãos nas mãos do meu Senhor da Galiléia; põe teus pés, nos pés do meu Senhor que acalma o mar... meu Jesus que cuida de mim noite e dia sem parar, põe teus pés nos pés do meu Senhor que acalma o mar. Lembre-se sempre que Jesus jamais abandona um dos seus, no momento de maior medo, fobia e ansiedade tenha certeza de que Deus irá colocar um Sirineu para te auxiliar, mas para isso tu terás que aceitar a sua ajuda. Abra os seus braços, peça um abraço, segura na mão e pede o auxilio, não te envergonhes, esse é o Sirineu que Deus te mandou.

Ao concluir nossa reflexão sobre: o medo, a fobia, o pânico e a ansiedade, sugiro que vocês revejam suas listas do “NUNCA”:

ü Nunca mais direi eu não posso, pois tudo posso naquele que me fortalece. (Fp 4, 13)

ü Nunca mais direi eu não tenho, pois o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma das minhas necessidades. (Fp 4,19)

ü Nunca mais direi que tenho medo, porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. (2Tm 1, 7)

ü Nunca mais direi que tenho dúvidas ou falta de fé, porque eu tenho a medida da fé que Deus repartiu a cada um. (Rm 12, 3)

ü Nunca mais direi que sou fraco, porque o Senhor é a fortaleza da minha vida. (Sal. 27, 1) e o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e altivo. (Dn 11, 32)

ü Nunca mais direi que estou derrotado, porque Cristo sempre me conduz em triunfo. (2 Co 2, 14)

ü Nunca mais direi que não tenho sabedoria, pois Cristo Jesus... se tornou da parte de Deus (minha) sabedoria. (I Co 1, 30)

ü Nunca mais direi que estou preocupado e frustrado, pois estou lançado sobre Ele toda a minha ansiedade, porque Ele tem cuidado de mim. (I Pe 5, 7).

E você tem medo do que?

Pense nisso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário