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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

No sofrimento, dê tempo ao tempo e ouça o silêncio...

Por Diácono Carlinhos
“No sofrimento se esconde uma força particular que aproxima interiormente o homem de Cristo, uma graça particular” (João Paulo II ).
Antes de tudo lembre-se que Jesus no Monte das Oliveiras também sofreu e ficou angustiado, isso nos ajuda a compreendemos que nada acontece antes do tempo e que não estamos isentos das nossas angústias e que também iremos passar os nossos momentos de tribulações. Existe alguém que com amor supremo, pensou em cada detalhe da nossa vida. Existe alguém, que com carinho de Pai, fez e faz tudo acontecer. Mas tenha fé. Então não se desespere. Até as lágrimas brotam no momento certo. E o sopro da vida é suprema decisão de quem dá e tira… com perfeita precisão. Com isso, entendemos que muitas vezes os sofrimentos são necessários para que possamos construir nossa casa sobre a rocha, precisamos disso para ficarmos mais fortes e resistentes nas adversidades que a vida nos apresenta. Porém, contudo, não podemos abandonar o projeto de Deus e nem nos desviar do caminho.
Quantas vezes estamos sofrendo, angustiados, passamos por dificuldades, nos sentimos mal e ficamos sem entender o “por quê?” de tanto sofrer. Chegamos inclusive a questionarmos Deus: Porque eu? Neste momento lembremos-nos de olhar para o crucificado e assumir nosso caminho de cristão. Ora se somos seus seguidores, como não ter cruz em nossas vidas? Ele mesmo nos diz: “... pega tua cruz e me segue...”
Na segunda carta aos Coríntios 6, 4-9, São Paulo nos diz: “ …em tudo nos recomendamos como ministros de Deus, por uma constância inalterável, em tribulações, necessidades, angústias, açoites, prisões, tumultos, fadigas, vigílias, jejuns, pela sinceridade, conhecimento, paciência, bondade, pelo Espírito Santo, pelo amor sincero, pela palavra da verdade, pelo poder de Deus, pelo manejo das armas da justiça, quer de ataque, quer de defesa, na glória e na ignomínia, na má e na boa fama, tidos como impostores e, no entanto, dizendo a verdade, como desconhecidos e, no entanto, sendo bem conhecidos, como agonizantes e, no entanto, estando sempre alegres, como indigentes e, no entanto, enriquecendo a muitos, como não tendo nada e, no entanto, possuindo tudo.”
Caríssimos quanto mais próximos de Deus, mais usados e testados seremos. Se suportarmos a agonia, a angústia, a tribulação, a sensação de abandono e sofrimento, seremos ferramentas afiadas, instrumentos afinados, prontos para suportarmos a dor da vitória. Mesmo que para o mundo a sua, a minha, a nossa vitória em Cristo, seja considerada derrota. Mesmo que em nossa pobreza humana possamos “enriquecer a muitos”. Assim, devemos pegar nossas cruzes e seguirmos em frente, sem desistirmos dos projetos e dos planos que Deus nos confiou.
Temos que estar conscientes de que a vida espiritual também é permeada por securas, tempo de aridez, falta de gosto, sensação de solidão, de abandono, de desânimo… Nestes períodos, somos privados das consolações sensíveis e espirituais. Isso mesmo que a gente não entenda, favorece nosso crescimento na vida de oração e na prática das virtudes. Esse é o momento de nós provarmos a nossa fé... Ao não abandonarmos o projeto que Deus tem para nós, projeto para o qual Ele nos chama nominalmente... na dúvida vá para a Capela e no “silêncio” ouça o que Ele tem para lhe dizer.
Na verdade, nestes momentos, muitas vezes o que sentimos é que apesar dos nossos esforços, de disciplina na vida espiritual a gente não sente gosto na oração; ao contrário, experimenta-se nela o cansaço, o desânimo, a ausência da presença de Deus, como se Ele tivesse se esquecido da gente e esse tempo parece que não tem fim. Mas como cantamos:
♪♪♪Sorria, Sorria, que um / Lindo dia amanheceu / A noite, tão fria / Que havia, desapareceu. Abra a janela do seu coração / E deixe a luz do sol entrar...
Pois desta vez toda escuridão / Se foi pra nunca mais voltar ♪♪♪
Aqui a impressão que temos é que poderíamos dizer que a fé e a esperança estão adormecidas. A alma da gente parece envolta numa espécie de torpor. É um tempo penoso, angustiante, onde não se experimenta a alegria. Mas, confie que também neste tempo Deus trabalha em nós. Jesus mesmo disse que “o seu Pai continua trabalhando”. Deus trabalha sempre a nosso favor e como já dizia o apóstolo Paulo: “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus”.
Na verdade este tempo de seca, de aridez espiritual nos ajuda a nos desprendermos de tudo o que não proclama a Jesus em nossas vidas, nos ensina e nos educa a buscar a Deus, por aquilo que Ele é e não por aquilo que Ele pode nos oferecer. E ajuda-nos a viver o abandono em Deus e a n’Ele nos perdermos. Quando conseguimos superar esse período de angústia, solidão e sofrimento, sem abandoná-lo, sem deixá-lo caído pelo caminho (no pobre; no velho; no doente...), sem abandonarmos o Seu projeto, saímos vitoriosos. Pois assim aprendemos que nossos olhos devem estar fixos n’Ele. Assim, Deus robustece a nossa fé, nos impele a não desistirmos na busca da prática do bem e nos ensina o caminho da constância e da perseverança.
Ao longo de minha vida, Deus tem me dado muitos presentes. E um dos principais deles é a amizade de pessoas tão importantes para mim. Pessoas que realmente transformaram minha vida. Pessoas que nem sempre me disseram “sim” para tudo e com o seu “não” me ajudaram a não me afastar do caminho. Acredito que a coragem pra seguir em frente é uma virtude que pode nos impulsionar a vitórias impressionantes. Mas esse sabor só experimenta quem tem a perseverança e a determinação daqueles que querem fazer todo o caminho, sem desistir no meio.
A música “Você” do Grecco, é um convite maravilhoso e uma exortação que nos abre os olhos para essa situação. A letra diz:
“♪♪♪Você que fica acordado, imaginando o futuro. Deixando Deus do seu lado e Ele chamando você”…”Você, não saberá, se não seguir pra ver o que há no fim da estrada. Você não saberá da festa que Deus Pai prepara pra esta volta. ♪♪♪”
Portanto, caríssimos não parem no meio do caminho, não tenham medo de se arranhar. Não tenham medo de voltar atrás. Não tenham medo de levar os tombos. Afinal os arranhões e as quedas nos fazem saber onde pisar e não cair mais. Mas só saberemos trilhar o caminho certo se tivermos a coragem de levantar dos tombos e continuar. Só assim saberemos e viveremos a festa que Deus Pai prepara para a nossa vitória. Com isso, não tenham medo dos momentos de angústia, de sofrimento, de solidão, de sensação de abandono... Ao contrário, aprenda com eles. Pois eu posso lhes assegurar que eu aprendi muito nestes momentos de tribulação e de Monte das Oliveiras!
Concluo, porém, afirmando que após passarmos por estes momentos, não devemos abandonar o projeto para o qual fomos chamados por Deus... pois a Bíblia nos diz que só irá experimentar o sabor da vitória quem tiver perseverança e determinação para fazer todo o caminho, sem desistir no meio.
Pense nisso!
Shalom!

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