TIO QUERO APAGAR MEU PASSADO! ISSO É POSSÍVEL?
Esta semana durante uma conversa com uma jovem ela me perguntou: TIO quero apagar meu passado! Isso é possível? No que lhe respondi: que não! Sinceramente, para mim é impossível à gente apagar o passado... e quanto mais insistirmos... mais ele se torna presente, inclusive, na psiquiatria chamam isso de “fixação” (uma tentativa desesperada de apagar tudo – só que isso diariamente me perturba, me afeta e me deixa doente).
A culpa ou a insatisfação instaurada leva o indivíduo a se fixar no ato, tornando uma compulsão e repeti-lo constantemente como uma autocondenação. Vamos pagar a culpa desse sentimento e nos chicotear com o próprio comportamento indesejável a vida toda. Por isto vira uma compulsão, repetição e um circulo vicioso, posteriormente nos causa mais frustração e depressão.
Fugimos, fugimos, fugimos, andamos em círculos, tentamos construir novas situações, mas o fato nos acompanha no nosso íntimo, a sensação de culpa fica instalada no interior de nosso coração e ressurge a qualquer instante. Quando menos esperamos, estamos lá, lembrando de um fato, uma pessoa, um grupo ou uma situação. Nesse momento a título de vingança, vamos às nossas recordações e tentamos sufocar esse sentimento materialmente (queimando algo; jogando no lixo; difamando alguém;...) Assim, podemos até mentir para os outros que não, mas para o nosso inconsciente não podemos mentir: sabemos sim que tudo está tão vivo, tão presente, nos pedindo por uma solução.
Por isso não é possível apagar o passado! Creio até que esse passado será presente e também será futuro, porque lá na frente vou continuar lembrando esse momento. Posso tentar me afastar dos fatos, das pessoas, me livrar de tudo que materialmente me relaciona a essas pessoas ou a esses fatos ou grupos (objetos, fotos, lembranças...), mas não consigo tirar o que está cravado dentro do meu coração. Não adianta, ao fechar meus olhos, minha consciência ou inconsciência me leva a essa lembrança. Seja por causa de uma notícia, seja por causa de uma pessoa, uma data, um evento, enfim, posso fazer todo o esforço material necessário para sepultar isso, mas dentro do meu coração, ao contrário tudo permanece muito vivo e muito presente. Embora externamente tente ostentar que não... Demonstrar com minhas palavras, gestos ou atitudes, não adianta dentro do peito aquilo continua a falar... falar e falar...
E isso é cientifico, portanto, a frase “comigo vai ser diferente”... não vai funcionar, pois somos humanos e na condição de humanos, somos semelhantes ao demais humanos. O próprio Sigmund Freud (Pai da Psicanálise) classificou as defesas conforme a severidade da psicopatologia. Ele nos diz que nesse caso, conforme se pensa, age, se tenta, teremos: negação, distorção e projeção, que são mecanismos associados à psicoses. E que isso vai nos gerar mecanismos de defesa, teremos neuróses, onde nesse quadro se incluem a repressão, isolamento, anulação, deslocamento e formação reativa (revolta com tudo e com todos), sentimento de injustiça, abandono... fica aquilo: “onde está meu passado? O que está fazendo? Por que? Por que? Por que?”
E quanto a essa fixação, esse desejo de sepultar coisas, pessoas, situações, vemos que Jesus já orientava aos seus discípulos ao deslocamento de raciocínio através de abandono de um pensamento fixo e rígido quando disse – “observai os lírios dos campos” e, nesse desvio do campo visual o cérebro era impulsionado ao estado de vigília relaxada. Ou seja, o paraíso que tanto buscamos não está distante de nós, mas também não está na rua, no mundo ou em outros locais que passamos a procurar, mas está dentro da nossa mente, do nosso coração, poderemos redescobrir a tranquilidade, a estabilidade emocional quando nos desapegamos à vida material, com um coração de gratidão, por inteiro, em saber melhor viver.
Conseguimos nossa cura a partir do momento com começamos a ver situação com os olhos cristãos e com os ensinamentos de Jesus, na fé, na esperança e na caridade (amor). Com a prática da oração e do perdão. Portanto, nós cristãos temos um exercício e uma terapia fundamental de cura chamada - prática do perdão (que é o ato de perdoar e ser perdoado). A cura passa fundamentalmente por aqui, alem de ser bíblico é também científico, é o exercício do filho que volta aos braços do Pai.
Vivemos apegados demais as nossas fixações e tomamos decisões com base nas nossas verdades, entretanto, ao conhecermos a Bíblia e o que Jesus nos propõe, o certo para nós poderá ser errado, bem como, o errado para nós poderá ser certo. Posso realmente acreditar que estou certo. Mas antes de mais nada devo, buscar a orientação sobre essa situação, primeiro vendo o que Jesus me diz sobre isso. Depois, meu psiquiatra; meus pais; meu orientador; meu professor e se todos esses me disserem que estou equivocado, minha atitude será a de repensar meus atos, gestos e atitudes, porque realmente posso estar errado. Não podemos mudar o passado, nem apagar o histórico dos acontecimentos do que nos fizeram ou fizemos ontem, mas resta, ainda, o poder de escrever uma nova história, pois sempre é possível recomeçar.
Nesta semana estive com um psiquiatra e ele me disse ainda mais, há pessoas “narcisas demais” ou traduzindo, simplesmente “teimosas”, “birrentas”... que não conseguem fazer o caminho de volta... tem medo de fazer o caminho de retorno, por vergonha, por orgulho ou porque não aprenderam que na vida não são o centro das atenções, não se dão conta que acertam, mas que também erram... Estão muito doentes, mas não se dão conta disso. Assim, preferem morrer um pouco a cada dia, sofrem muito a cada ano, sofrem muito a vida inteira, simplesmente pelo fato de não terem a humildade de dizerem: “Oi! Desculpa, eu vi que errei... pisei na bola contigo... me perdoe... ou algo parecido”. Acreditam serem vítimas de complôs, de armadilhas, de falsos amigos, são eternos incompreendidos, desprezados, rejeitados... etc, etc, etc.
O psiquiatra me dizia: “são pessoas que simplesmente não se satisfazem em saberem que são amadas, precisam testar esse amor, só que às vezes o teste é feito de forma equivocada ou aplicado em momento inoportuno e as consequências são desastrosas demais, para ambos os lados.” Acrescentou ainda: “essas pessoas depois se perdem não sabendo como fazer o caminho de volta e ficam se machucando, machucando seus familiares e todos aqueles que fazem parte do seu ciclo de vida. Quanto mais se afastam, mais convencidas externamente de estarem certas, ficam a cada dia mais doentes internamente e com isso vem às crises, as culpas, as frustrações, e dia a dia se aproximam de surtos, doenças patológicas graves, pelo simples fato de não aceitaram que erraram”...
E isso acontece entre casais, entre amigos, colegas de trabalho...
Apagar o passado não é possível. Não quero com isso dizer que o passado seja repleto apenas de fatos agradáveis. Muitas vezes, há mais momentos de provação que propriamente de alegrias. A vida é a soma de bons e maus momentos. Mas acredito que os maus momentos são importantes para o crescimento, pois eles nos tornam mais fortes. Há alguns dias li um texto que falava: “saiba tirar partido dos reveses” e “se existe fator que possa concorrer só por si para o triunfo na vida, esse é por certo a habilidade para saber aproveitar as lições que a adversidade nos dá…”. O texto diz que “há pessoas que se esforçam por esquecer os seus reveses, mas que isso não é possível. O que acontece é que a pessoa reprime as emoções e tenta sepulta-las, porém, transformar-se-ão em pensamentos venenosos, receios, ódios, depressões, sentimentos de várias ordens contra a família, os amigos, os grupos sociais e a sociedade”.
Diante disso, podemos afirmar que não há como apagar o passado. Temos sim, é que tirar lições dele para os futuros desafios, o encarando com otimismo e como oportunidade de sermos melhores e, por que não dizer, vencedores. Ninguém se aprimora se não passar por experiências dolorosas. Não podemos, portanto, ignorá-lo por pior que ele tenha sido.
Essa pessoa com quem eu conversava me dizia: “Queimei tudo que eu havia escrito, queimei os objetos, as cartas que recebi, tudo foi para a fogueira. Não tenho mais nada que me lembre o passado”. Fixei os olhos nela e falei: “ Caríssima! Que pena! Isso é impossível ao ser humano. Me preocupo porque sei que ficarás ou já estás muito doente”. Ela disse que havia muito sofrimento em tudo aquilo, que havia conseguido tudo aquilo com muito sacrifício e que ela não ia mais precisar deles, uma vez que estava se afastando de tudo. Estranho! Se foram assim tão difíceis de serem obtidos, deveriam ser troféus para serem admirados e não lixo para ser eliminado. Carinhosamente a alertei que ela estará a vida toda sempre à procura de algo que não vai encontrar. Ou muda ou será uma eterna frustrada (como pessoa; como esposa; como profissional). Nunca vai se fixar em nada. Relatou-me inúmeras atividades que tentou fazer, mas não persistiu em nenhuma delas, está sempre insatisfeita. Foi quando a disse que precisa fazer as pazes com o passado, pois essa fuga precisa terminar um dia para que ela possa finalmente se encontrar e ser feliz. Por este motivo não acredito que seja possível apagar o passado e isso é o que toda a literatura nos diz. Posso me livrar das coisas externas, mas não domino o meu coração, é impossível apagar o passado que estará lá à vida toda, se fazendo presente e me avisando que estará no futuro. Pedi carinhosamente a ela, joga fora o chicote que tu estás usando neste momento. Teu coração sabe onde está esse chicote. Para de te punir! A própria Bíblia nos diz que é impossível nos livrarmos do passado. (Salmo 78, 2-4).
E o que é mais importante: é preciso crer e confessar que o Deus do Cuidado caminha do nosso lado e nos ajuda a carregar as dores das amargas recordações. A Bíblia nos ensina a vermos de forma positiva o nosso passado, mesmo que dele façam parte as tristes recordações. O povo de Deus não se lembra apenas das grandes vitórias alcançadas, mas também das derrotas sofridas. No Novo Testamento não são lembrados apenas os grandes milagres e a ressurreição de Jesus, mas também a traição, as lágrimas, o Getsêmani e a morte do Filho de Deus na cruz do Calvário. Assim, o nosso passado é uma espécie de pote onde está guardado um precioso tesouro. A cada novo dia vivemos novas experiências e sempre temos decisões a tomar. Em razão dessas escolhas podemos acertar ou errar. E se acertamos ótimo, se erramos, basta corrigirmos, pronto, acabou o sofrimento!
Vejam que aceitamos e justificamos os nossos erros, mas não suportamos os deslizes do outro. Com memória curta ou anestesiada pela soberba, pelo narcisismo como me disse o psiquiatra, pelo orgulho,... deixamos perder em nossas lembranças o fato de que não somos irrepreensíveis. Esquecemos que também temos um “telhado de vidro” e por outras inúmeras vezes fomos objeto da misericórdia e da complacência de outras pessoas, quando nos víamos numa situação parecida.
Temos de entender que as pessoas em nossas vidas, as pessoas com quem nos relacionamos é muito mais que um simples produto que – uma vez “arranhado” por causa de um fato ou com “data de validade vencida”- perde seu valor e sua integridade. A beleza de cada ser humano está na sua capacidade infinita de desejar viver uma nova história. Mesmo que ele tenha vivido um passado maculado pelas dificuldades, contingências, nenhum de nós é íntegro o bastante para julgá-lo e condená-lo, devemos sim, é perdoar... e fazermos disso um eterno recomeçar!
Por isso tudo que reafirmo o que a Bíblia nos diz, a ciência nos diz e a experiência de vida nos mostra. É impossível apagar o passado! Se quiseres curar teu coração... não tentas matar ou sepultar teu passado... isso só vai gerar mais dor, insatisfação e sofrimento!
O passado tem relação direta com o teu presente e terá muito com o teu futuro. O dia é hoje e a hora é agora! Fazes as pazes com o teu passado e sejas feliz... errar, todos erram... e perdoar é uma ordem divina.
É NATAL tempo de conversão! Tempo de vida e não de morte e sofrimento... é o momento de se renascer para o amor...
Pense nisso!
Shalom!
A culpa ou a insatisfação instaurada leva o indivíduo a se fixar no ato, tornando uma compulsão e repeti-lo constantemente como uma autocondenação. Vamos pagar a culpa desse sentimento e nos chicotear com o próprio comportamento indesejável a vida toda. Por isto vira uma compulsão, repetição e um circulo vicioso, posteriormente nos causa mais frustração e depressão.
Fugimos, fugimos, fugimos, andamos em círculos, tentamos construir novas situações, mas o fato nos acompanha no nosso íntimo, a sensação de culpa fica instalada no interior de nosso coração e ressurge a qualquer instante. Quando menos esperamos, estamos lá, lembrando de um fato, uma pessoa, um grupo ou uma situação. Nesse momento a título de vingança, vamos às nossas recordações e tentamos sufocar esse sentimento materialmente (queimando algo; jogando no lixo; difamando alguém;...) Assim, podemos até mentir para os outros que não, mas para o nosso inconsciente não podemos mentir: sabemos sim que tudo está tão vivo, tão presente, nos pedindo por uma solução.
Por isso não é possível apagar o passado! Creio até que esse passado será presente e também será futuro, porque lá na frente vou continuar lembrando esse momento. Posso tentar me afastar dos fatos, das pessoas, me livrar de tudo que materialmente me relaciona a essas pessoas ou a esses fatos ou grupos (objetos, fotos, lembranças...), mas não consigo tirar o que está cravado dentro do meu coração. Não adianta, ao fechar meus olhos, minha consciência ou inconsciência me leva a essa lembrança. Seja por causa de uma notícia, seja por causa de uma pessoa, uma data, um evento, enfim, posso fazer todo o esforço material necessário para sepultar isso, mas dentro do meu coração, ao contrário tudo permanece muito vivo e muito presente. Embora externamente tente ostentar que não... Demonstrar com minhas palavras, gestos ou atitudes, não adianta dentro do peito aquilo continua a falar... falar e falar...
E isso é cientifico, portanto, a frase “comigo vai ser diferente”... não vai funcionar, pois somos humanos e na condição de humanos, somos semelhantes ao demais humanos. O próprio Sigmund Freud (Pai da Psicanálise) classificou as defesas conforme a severidade da psicopatologia. Ele nos diz que nesse caso, conforme se pensa, age, se tenta, teremos: negação, distorção e projeção, que são mecanismos associados à psicoses. E que isso vai nos gerar mecanismos de defesa, teremos neuróses, onde nesse quadro se incluem a repressão, isolamento, anulação, deslocamento e formação reativa (revolta com tudo e com todos), sentimento de injustiça, abandono... fica aquilo: “onde está meu passado? O que está fazendo? Por que? Por que? Por que?”
E quanto a essa fixação, esse desejo de sepultar coisas, pessoas, situações, vemos que Jesus já orientava aos seus discípulos ao deslocamento de raciocínio através de abandono de um pensamento fixo e rígido quando disse – “observai os lírios dos campos” e, nesse desvio do campo visual o cérebro era impulsionado ao estado de vigília relaxada. Ou seja, o paraíso que tanto buscamos não está distante de nós, mas também não está na rua, no mundo ou em outros locais que passamos a procurar, mas está dentro da nossa mente, do nosso coração, poderemos redescobrir a tranquilidade, a estabilidade emocional quando nos desapegamos à vida material, com um coração de gratidão, por inteiro, em saber melhor viver.
Conseguimos nossa cura a partir do momento com começamos a ver situação com os olhos cristãos e com os ensinamentos de Jesus, na fé, na esperança e na caridade (amor). Com a prática da oração e do perdão. Portanto, nós cristãos temos um exercício e uma terapia fundamental de cura chamada - prática do perdão (que é o ato de perdoar e ser perdoado). A cura passa fundamentalmente por aqui, alem de ser bíblico é também científico, é o exercício do filho que volta aos braços do Pai.
Vivemos apegados demais as nossas fixações e tomamos decisões com base nas nossas verdades, entretanto, ao conhecermos a Bíblia e o que Jesus nos propõe, o certo para nós poderá ser errado, bem como, o errado para nós poderá ser certo. Posso realmente acreditar que estou certo. Mas antes de mais nada devo, buscar a orientação sobre essa situação, primeiro vendo o que Jesus me diz sobre isso. Depois, meu psiquiatra; meus pais; meu orientador; meu professor e se todos esses me disserem que estou equivocado, minha atitude será a de repensar meus atos, gestos e atitudes, porque realmente posso estar errado. Não podemos mudar o passado, nem apagar o histórico dos acontecimentos do que nos fizeram ou fizemos ontem, mas resta, ainda, o poder de escrever uma nova história, pois sempre é possível recomeçar.
Nesta semana estive com um psiquiatra e ele me disse ainda mais, há pessoas “narcisas demais” ou traduzindo, simplesmente “teimosas”, “birrentas”... que não conseguem fazer o caminho de volta... tem medo de fazer o caminho de retorno, por vergonha, por orgulho ou porque não aprenderam que na vida não são o centro das atenções, não se dão conta que acertam, mas que também erram... Estão muito doentes, mas não se dão conta disso. Assim, preferem morrer um pouco a cada dia, sofrem muito a cada ano, sofrem muito a vida inteira, simplesmente pelo fato de não terem a humildade de dizerem: “Oi! Desculpa, eu vi que errei... pisei na bola contigo... me perdoe... ou algo parecido”. Acreditam serem vítimas de complôs, de armadilhas, de falsos amigos, são eternos incompreendidos, desprezados, rejeitados... etc, etc, etc.
O psiquiatra me dizia: “são pessoas que simplesmente não se satisfazem em saberem que são amadas, precisam testar esse amor, só que às vezes o teste é feito de forma equivocada ou aplicado em momento inoportuno e as consequências são desastrosas demais, para ambos os lados.” Acrescentou ainda: “essas pessoas depois se perdem não sabendo como fazer o caminho de volta e ficam se machucando, machucando seus familiares e todos aqueles que fazem parte do seu ciclo de vida. Quanto mais se afastam, mais convencidas externamente de estarem certas, ficam a cada dia mais doentes internamente e com isso vem às crises, as culpas, as frustrações, e dia a dia se aproximam de surtos, doenças patológicas graves, pelo simples fato de não aceitaram que erraram”...
E isso acontece entre casais, entre amigos, colegas de trabalho...
Apagar o passado não é possível. Não quero com isso dizer que o passado seja repleto apenas de fatos agradáveis. Muitas vezes, há mais momentos de provação que propriamente de alegrias. A vida é a soma de bons e maus momentos. Mas acredito que os maus momentos são importantes para o crescimento, pois eles nos tornam mais fortes. Há alguns dias li um texto que falava: “saiba tirar partido dos reveses” e “se existe fator que possa concorrer só por si para o triunfo na vida, esse é por certo a habilidade para saber aproveitar as lições que a adversidade nos dá…”. O texto diz que “há pessoas que se esforçam por esquecer os seus reveses, mas que isso não é possível. O que acontece é que a pessoa reprime as emoções e tenta sepulta-las, porém, transformar-se-ão em pensamentos venenosos, receios, ódios, depressões, sentimentos de várias ordens contra a família, os amigos, os grupos sociais e a sociedade”.
Diante disso, podemos afirmar que não há como apagar o passado. Temos sim, é que tirar lições dele para os futuros desafios, o encarando com otimismo e como oportunidade de sermos melhores e, por que não dizer, vencedores. Ninguém se aprimora se não passar por experiências dolorosas. Não podemos, portanto, ignorá-lo por pior que ele tenha sido.
Essa pessoa com quem eu conversava me dizia: “Queimei tudo que eu havia escrito, queimei os objetos, as cartas que recebi, tudo foi para a fogueira. Não tenho mais nada que me lembre o passado”. Fixei os olhos nela e falei: “ Caríssima! Que pena! Isso é impossível ao ser humano. Me preocupo porque sei que ficarás ou já estás muito doente”. Ela disse que havia muito sofrimento em tudo aquilo, que havia conseguido tudo aquilo com muito sacrifício e que ela não ia mais precisar deles, uma vez que estava se afastando de tudo. Estranho! Se foram assim tão difíceis de serem obtidos, deveriam ser troféus para serem admirados e não lixo para ser eliminado. Carinhosamente a alertei que ela estará a vida toda sempre à procura de algo que não vai encontrar. Ou muda ou será uma eterna frustrada (como pessoa; como esposa; como profissional). Nunca vai se fixar em nada. Relatou-me inúmeras atividades que tentou fazer, mas não persistiu em nenhuma delas, está sempre insatisfeita. Foi quando a disse que precisa fazer as pazes com o passado, pois essa fuga precisa terminar um dia para que ela possa finalmente se encontrar e ser feliz. Por este motivo não acredito que seja possível apagar o passado e isso é o que toda a literatura nos diz. Posso me livrar das coisas externas, mas não domino o meu coração, é impossível apagar o passado que estará lá à vida toda, se fazendo presente e me avisando que estará no futuro. Pedi carinhosamente a ela, joga fora o chicote que tu estás usando neste momento. Teu coração sabe onde está esse chicote. Para de te punir! A própria Bíblia nos diz que é impossível nos livrarmos do passado. (Salmo 78, 2-4).
E o que é mais importante: é preciso crer e confessar que o Deus do Cuidado caminha do nosso lado e nos ajuda a carregar as dores das amargas recordações. A Bíblia nos ensina a vermos de forma positiva o nosso passado, mesmo que dele façam parte as tristes recordações. O povo de Deus não se lembra apenas das grandes vitórias alcançadas, mas também das derrotas sofridas. No Novo Testamento não são lembrados apenas os grandes milagres e a ressurreição de Jesus, mas também a traição, as lágrimas, o Getsêmani e a morte do Filho de Deus na cruz do Calvário. Assim, o nosso passado é uma espécie de pote onde está guardado um precioso tesouro. A cada novo dia vivemos novas experiências e sempre temos decisões a tomar. Em razão dessas escolhas podemos acertar ou errar. E se acertamos ótimo, se erramos, basta corrigirmos, pronto, acabou o sofrimento!
Vejam que aceitamos e justificamos os nossos erros, mas não suportamos os deslizes do outro. Com memória curta ou anestesiada pela soberba, pelo narcisismo como me disse o psiquiatra, pelo orgulho,... deixamos perder em nossas lembranças o fato de que não somos irrepreensíveis. Esquecemos que também temos um “telhado de vidro” e por outras inúmeras vezes fomos objeto da misericórdia e da complacência de outras pessoas, quando nos víamos numa situação parecida.
Temos de entender que as pessoas em nossas vidas, as pessoas com quem nos relacionamos é muito mais que um simples produto que – uma vez “arranhado” por causa de um fato ou com “data de validade vencida”- perde seu valor e sua integridade. A beleza de cada ser humano está na sua capacidade infinita de desejar viver uma nova história. Mesmo que ele tenha vivido um passado maculado pelas dificuldades, contingências, nenhum de nós é íntegro o bastante para julgá-lo e condená-lo, devemos sim, é perdoar... e fazermos disso um eterno recomeçar!
Por isso tudo que reafirmo o que a Bíblia nos diz, a ciência nos diz e a experiência de vida nos mostra. É impossível apagar o passado! Se quiseres curar teu coração... não tentas matar ou sepultar teu passado... isso só vai gerar mais dor, insatisfação e sofrimento!
O passado tem relação direta com o teu presente e terá muito com o teu futuro. O dia é hoje e a hora é agora! Fazes as pazes com o teu passado e sejas feliz... errar, todos erram... e perdoar é uma ordem divina.
É NATAL tempo de conversão! Tempo de vida e não de morte e sofrimento... é o momento de se renascer para o amor...
Pense nisso!
Shalom!
Joguei essa pergunta no google e achei esse belo artigo. Adorei..
ResponderExcluirEstava pensando em um meio de apagar algumas coisas dolorosas que me tem ocorrido, mas sei que isso é impossível, é bobagem querer apagar o passado mesmo, ele é parte de nós, se o apagamos, apagamos parte de nós mesmos...
E é bom ter sempre Jesus por perto, pra nos lembrarmos em quem confiamos...
Obrigada pelas palavras.
Lúcia Diléa