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sexta-feira, 2 de abril de 2010

O ressuscitado


Por Dom Dadeus Grings

Temos a notícia, única na História humana, de um homem que ressuscitou, tornando-se glorioso. Este fato aconteceu em Jerusalém, na Palestina, há dois mil anos. Conhecemos também seu nome e o acontecimento, porque nos foi transmitido através da Igreja, que não deixa morrer sua memória. E mais ainda: torna-O presente ao longo dos tempos, em cada lugar. Tem uma mensagem de salvação e de vida, ou melhor: Ele mesmo é a salvação.

O nome deste homem singular é Jesus. É anunciado como ressuscitado. Está glorificado junto de Deus. Todos os que creem em seu nome e O acolhem sentem sua vida como uma realidade atual. Ele continua entre nós, saído daquele sepulcro de Jerusalém, no dia que celebramos a Páscoa.

Sua presença é mensagem de paz, de perdão, de reconciliação, de vida plena. S. João, que o conheceu de perto, reconhece que nele havia vida e sua vida é a luz dos homens.

Anunciando a existência deste homem, ressuscitado e glorioso, todos sentimos não só a curiosidade, mas também a necessidade de conhecer algo mais de sua personalidade, de sua história e de sua significação salvífica.

A primeira notícia que recebemos, ou melhor, que nos foi anunciada desde o início da pregação apostólica, é sua paixão e morte, ou seja, o que aconteceu imediatamente antes de sua Ressurreição. Dá, por assim dizer, a razão da Ressurreição e explica sua significação salvífica.

Para ressuscitar foi necessário que Jesus morresse. Não morreu de modo natural. Foi condenado à morte e executado impiedosamente, com toda a crueldade que os homens inventaram. Os evangelistas dedicam enorme espaço de seus escritos a este acontecimento: traído por um dos seus, preso, açoitado, condenado à morte de cruz. Não haveria razão de dedicar tamanha atenção a um evento tão triste e pesaroso, não fosse exatamente para ressaltar a grande mensagem: aquele que foi morto tão ignobilmente está vivo. Ele ressuscitou. Não morre mais.

É glorioso, junto do Pai. A condenação à morte não conseguiu eliminar seus ideais, nem sua memória nem sua vida.

Aí nova curiosidade nos aguça: afinal quem é este homem tão singular? A Igreja, desde os Evangelistas, destaca algumas de suas características. Revela o nome de sua Mãe: Maria. Menciona a escolha dos discípulos, em número de doze, que ele enviou como seus apóstolos, após a ressurreição. Transmite suas pregações, com ênfase nas parábolas; descreve sinais de seu poder sobre-humano. Chamamo-los de milagres.

Diante de tudo isto é óbvia a pergunta: quem é Ele? Jesus faz o teste, inquirindo acerca do que os homens em geral, de seu tempo - e podemos acrescentar; ao longo dos séculos - dizem dele. A resposta é que o tinham como profeta. Isto equivale a dizer que o acolhiam como alguém enviado por Deus. Fala e age em nome de Deus. Era a opinião mais difundida entre o povo. Por outras fontes sabemos que havia também aqueles que o tinham na conta de subversivo, de perigoso, de comprometido com os pecadores e, por fim de blasfemo. Foi inclusive morto por esta última opinião.

Pedro, com a percepção dos sinais e da mensagem de Jesus, o proclama Cristo. Todos o continuamos a chamar por este título: Jesus Cristo. Pedro, porém, acrescentou, como percepção de uma inspiração divina: és o Filho de Deus. S. Tomé, após a cruel execução de Jesus quando este lhe aparece, em meio aos demais discípulos, exclama, reconhecendo-o como seu Senhor e seu Deus. É esta certeza que se propaga pelo mundo..

*Arcebispo de Porto Alegre


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